sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Os limites entre o Público e o Privado ou A dança das Jujubas Malditas


Sempre que me perguntam qual é o compromisso social do arqueólogo, respondo: esforçar-se para se manter público. Hoje tudo é privado, provém da iniciativa privada; maluco, doido. Uma correria sem fim pela fonte, que seria traduzida por dinheiro, money, pilas, cash, fazmirrir.

É necessário ter educação empreendedora. Os líderes do futuro não tem limites de recursos. Usam o que têm. O conhecimento é poder. Este é o único recurso que, em ambiente público, se é necessário prover. E o privado? Quantos grandes projetos da iniciativa privada estão sendo "trabalhados" internamente em universidades públicas e gratuitas? Qual é o significado destes novos tempos?

A razão de ser da universidade é servir a comunidade, ok? Servir à grandes empresas: NÃO! Precisa-se formar opinião e assumir rigorosamente que a Universidade pública não pode, nem deve servir a grandes corporações financeiras. Aonde estaria o limite entre o público e o privado. E porque alguns transformam conhecimento em poder mais rápido do que outros.


An Iron Tsuba (sword guard) | Andrew's Social Media

Vivemos no mundo da informação. A nossa geração é visual e erótica. Mais informações é igual a conhecimento adequado, opinião; algumas vezes censura e coleguismo. Entre a universidade pública e gratuita e a iniciativa privada, existe uma expectativa e intenção transparente (platônica e utópica) de que ambos estão servindo à comunidade e a sociedade. NÃO! Ganância, dinheiro e uma parceria basicamente injusta no mundo do mercado.

Necropolis of Cerveteri | Andrew's Social Media


A sociedade, principalmente a periférica, assiste engessada ao processo que culmina em grandes projetos ambientais (econômicos) apoiados por universidades públicas e gratuitas. Ora, sejamos práticos, pobre não tem vez neste processo.

Com relação às jujubas malditas: nem todo mundo é ignorante; as pessoas estão observando. Estão preparadas. Um dia irão entender que o serviço público não deve ser misturado com as grandes empresas de engenharia ou de licenciamento. Enquanto esperam, elas dançam.


A copper and sentoku (Chinese bronze) tsuba (sword guard) | Andrew's Social Media

Pois bem, estes dias me senti uma jujuba ou, quase isso, chupando uma. Pasmem! Universidades públicas gaúchas dando apoio arqueológico e consultoria arqueológica na Amazônia? Nada oficial é óbvio. Mas nas entrelinhas consegui ler muitas coisas... endosso institucional, credito científico, editoração, publicação de revistas, etc. Naquele momento eu percebi que estava chupando jujuba, sem ter o que fazer nem ter como me manifestar. Eles detêm o poder. São públicos e se ajoelham ao privado.

Eu acho que por um longo tempo vou continuar ao ritmo da dança das jujubas malditas.

Um grande abraço a todos, paz e me desculpem se alguma coisa venha a causar algum desconforto epistemológico ou indisposição paradigmática em alguém.