quinta-feira, 3 de novembro de 2011

47 Leis do Arqueólogo de Contrato


Querido leitor,

Inspirado na obra de David DeAngelo, resolvi adaptar alguns de seus melhores pensamentos para as atividade de Arqueologia no Brasil. Já venho pensando nisso a algum tempo. Tenho observado que muitos descontroles, falhas e mal entendidos tem acontecido por causa da desatenção a estas mesmas regras básicas. A ideia não é criar um código de conduta ou mesmo algo estático, cristalizado. Mas comentar o que de fato tem sido um desafio na carreira dos colegas, inclusive na minha; por simples falta de atenção.

1. Aceite a realidade como ela é. Muitos sucumbem a esta primeira lei pelo simples fato de tentarem mudar uma estrutura criada antecipadamente por uma equipe tão qualificada quanto ele próprio. Só aceitando a realidade como de fato ela é, é que estaremos aptos a mudar algo a longo prazo.



2. Se responsabilize. Esta aí é a melhor receita para evitar esporro. Assuma responsabilidade, corra atrás e tome iniciativa. Tenha um estilo de agir que seja interessante para você e para os colegas. Esse passo é importante para reduzir tensões na equipe e aumentar a fluidez dos trabalhos.

3. Trabalhe (mude) você mesmo e não o projeto. Leia mais, se informe mais, esteja e se mantenha interessado. Detalhe: faça isso por Arqueologia! Esqueça as gorduras periféricas tipo patrimônio isso e patrimônio aquilo. Você precisa estar bem informado sobre ARQUEOLOGIA. Precisa estar na frente, conhecer os últimos conceitos, as teorias mais recente e melhor utilizadas. Estabeleça um hábito de leitura. Uma hora por dia é o suficiente. Pesquise na internet sobre as novas descobertas da Arqueologia, não só no Brasil, mas no mundo.

4. Acabe com seu lado covarde. Encontre o covarde que vive dentro de você e o chute para fora. Isso mesmo! Não permite que medos bobos o impeçam de viajar, pesquisar e conhecer o mundo. Seja ousado, aventure-se. Outro medo bobo é o da publicação. Supere isso. Publique tudo o que puder, onde puder e como puder. Exponha o seu conhecimento. De preferência o conhecimento Arqueológico. Eu chamo isso de archaeological broadcasting comum na Europa, na Africa e nos EUA. Mas completamente desconhecido no Brasil.



5. Construa uma auto-imagem capaz e poderosa que você ame. Tente identificar aquilo que há de melhor em você, seja no campo, laboratório ou gabinete. Especialize-se em você mesmo. Daí identifique uma auto-imagem bacana, que te traga bem e então faça ela evoluir. Isso está ligado com a aquisição de novas habilidades, novas técnicas de campo. Nunca deixe de evoluir no seu conjunto de habilidades e na sua imagem eficaz de execução das mesmas.

6. Mude o seu centro de referência, modelo de referência para dentro de você. Uma parte dos arqueólogos fica esperando a aprovação de suas ações. Buscar aprovação não é bacana. Existe um grupo de pessoas que tem a sua referência do que é certo ou errado através da avaliação externa de outros profissionais. Já um pequeno grupo de pessoas dominantes tem seu centro de referência interiorizado. Elas que decidem se estão certos ou errados, sem buscar a aprovação de ninguém. Acostume-se a isso, decida você mesmo se está certo ou errado.

7. Pare de transformar eventos externos em significados internos. Não seja emotivo demais, sentimental de mais, típico reclamão. Se o pau quebrou, houve discussão, debate e xingamento... não transforme estes eventos externos em significo interno, caso contrário irá andar por aí sempre magoado; porque essas coisas são mesmo frequentes. Infelizmente.

8. Acabe com os fracassos aprendendo com eles. Uma das coisas mais recorrentes na Arqueologia de contrato são os pepinos, os desastres, as confusões generalizadas e as pressas de entrega dos relatórios. Quando pisar na bola, mesmo que seja sem querer. Pare. Simplesmente pare e preste atenção no que saiu errado. Atenha-se a detalhes. Assim é possível aprender com o erro, colocando o evento desastroso em câmera lenta. Não se lamente, não se desculpe e principalmente não se explique. Apenas aprenda com o erro para não repetir.

9. Compare seu progresso apenas com você mesmo e não com os outros. Suas participações em eventos, suas publicações e suas glórias só interessam a você mesmo. Sempre vai ter alguém com mais louros acadêmicos. Supere isso. Veja o quanto progrediu olhando para o seu passado. Nunca se compare com o progresso dos outros. Na verdade quanto menos pensar nos outros melhor. Se concentre em você. E evolua, sempre.



10. Desenvolva constantemente e com consciência - sempre busque o próximo nível ou paradigma. Um dos grandes desafios dos profissionais é que eles travam. Param no tempo. Não se atualizam e muito menos procuram novas saídas. Para os jovens: arriscar-se mais. Para os mais sêniors: tentar novos métodos. A Arqueologia têm milhões de probabilidades, evolua e descubra quais as que melhor se adaptam a sua nova fase de vida.

11. Veja a si mesmo como "alto nível científico". As empresas no mundo inteiro contratam profissionais que tragam coisas interessantes e úteis. Nenhuma corporação contrata aluno, então se você acha que vai entrar numa empresa para aprender. Muda de vida. Veja a si mesmo como portador de um conhecimento útil, que irá ajudar os seus colegas e a você mesmo. Entenda que o conhecimento é o que há de mais valioso na Arqueologia. E ele só pode ser encontrado num lugar: na sua cabeça. Ah e lembre-se: chefe não é professor.

12.Pare de se desculpar. Uma parte dos arqueólogos se desculpam por coisas simples. Como se estivessem inseguros de si, pedindo desculpas toda hora. Parece que pedem desculpas por serem eles mesmos. Essa regra tem muitas exceções, como toda regra. Mas em geral, no pior dos casos, você não fez nada de errado. Está trabalhando e eventualmente trapalhadas acontecem. Conheço muitas pessoas que ficam esperando as suas desculpas, certamente que isso lhes atribui poder. Evite isso parando de se desculpar.



13. Pare de buscar aprovação. Buscar aprovação é um termo psicológico que indica pessoas inseguras. Toda a sua postura corporal está em buscar aprovação dos outros, supostamente superiores. Ombros encolhidos, risadinhas para qualquer coisa, olhar baixo, não fazer muitas ondas. Você não precisa de aprovação de ninguém. Então: ande ereto, queixo na altura do horizonte, segure os ombros atrás.

14. Pare de dar aprovações para consegui-las. Os buscadores de aprovações normalmente dão aprovação para os outros. Concordam com tudo. Estão sempre tentando agradar. Sempre deixando todos confortáveis. Têm um medo terrível da desaprovação dos outros sobre seus atos e comportamento. É inseguro. Então, pare de dar aprovações para consegui-las. Você faz isso quando ri das piadas sem graça dos colegas, quando tenta agradar concordando, quando faz muitos favores, etc.

Próxima semana me concentro na segunda parte desta postagem. São três partes ao todo. Por favor comentem. Caso estejam interessados em conversar sobre este tema é só add no msn: marlonpestana@hotmail.com ou me sigam no twitter: @marlonbp